Achei que era justo partilhá-los com os meus amigos que apreciam boa poesia, para que se saiba que em Portugal há quem a faça.
O Elogio da Loucura
Por vezes a loucura salva,
Do branqueamento da razão,
Da memória, e da marialva,
Estrela da vã inquietação!
Porque louca é a ressalva,
De quebrar, esmorecer em vão,
E morrer como a murcha malva,
Num baldio duma estação!
Porque louca é a grinalda,
Que recebe o vento, e não,
O louco que vive em plena balda,
Para o que pensa a opinião,
E senão, que seria que nos salda,
Numa velha e pobre Nação?
27/09/2007
Psicologia de Massas
Os povos como colectivo, e em rebanho,
Comportam-se como indivíduos solitários.
Se lhes prometemos um burro e um anho,
Logo se desfazem em prós e contras vários.
Mas se topardes, e vos fizerdes tacanho,
Indo como eu, de solitário em solitário,
Vereis aparecer de novo o rebanho,
E minarás o espírito do vigário.
Ou como alerta cá o psicólogo de massas:
Cuidadinho com as leis totalitárias,
Que daqui a cinco ou dez anos cá passas,
Morreram os teus pais, e tias várias,
E os teus filhos perguntarão às mulheres devassas,
Se deveriam ter nascido nas leis primárias.
1/10/2007
Nos Verdes Anos
Nos verdes anos fiz um poema,
Nos verdes anos o vivi!
Nos verdes anos fui ao cinema,
E com isso me comovi!
Nos verdes anos, um diadema,
Pus nos versos que escrevi!
Mais vale um bom fonema,
Do que um erro no que revi.
E se fosse antes um telefonema,
Só queria ter a vantagem,
Que tem o som do meu lema:
Mais vale um bom selvagem,
Do que mudar em vão de tema,
Nos verdes anos de camaradagem!
9/10/2007
Portugal Kazaquistão
Tarde de futebol à quarta,
Portugal Kazaquistão.
É isto uma tarde farta,
Não vejo ninguém, não.
Está tudo preso, aparta,
De mim, a televisão,
O Pedro, a Tia Marta,
E o resto da Nação.
É um prodígio ver a malta,
A divertir-se e a torcer,
Eu cá vou na ribalta,
Sou um português sem ser,
Adepto da falsa falta,
Que ganhe Portugal a ver.
17/10/2007
Por vezes a loucura salva,
Do branqueamento da razão,
Da memória, e da marialva,
Estrela da vã inquietação!
Porque louca é a ressalva,
De quebrar, esmorecer em vão,
E morrer como a murcha malva,
Num baldio duma estação!
Porque louca é a grinalda,
Que recebe o vento, e não,
O louco que vive em plena balda,
Para o que pensa a opinião,
E senão, que seria que nos salda,
Numa velha e pobre Nação?
27/09/2007
Psicologia de Massas
Os povos como colectivo, e em rebanho,
Comportam-se como indivíduos solitários.
Se lhes prometemos um burro e um anho,
Logo se desfazem em prós e contras vários.
Mas se topardes, e vos fizerdes tacanho,
Indo como eu, de solitário em solitário,
Vereis aparecer de novo o rebanho,
E minarás o espírito do vigário.
Ou como alerta cá o psicólogo de massas:
Cuidadinho com as leis totalitárias,
Que daqui a cinco ou dez anos cá passas,
Morreram os teus pais, e tias várias,
E os teus filhos perguntarão às mulheres devassas,
Se deveriam ter nascido nas leis primárias.
1/10/2007
Nos Verdes Anos
Nos verdes anos fiz um poema,
Nos verdes anos o vivi!
Nos verdes anos fui ao cinema,
E com isso me comovi!
Nos verdes anos, um diadema,
Pus nos versos que escrevi!
Mais vale um bom fonema,
Do que um erro no que revi.
E se fosse antes um telefonema,
Só queria ter a vantagem,
Que tem o som do meu lema:
Mais vale um bom selvagem,
Do que mudar em vão de tema,
Nos verdes anos de camaradagem!
9/10/2007
Portugal Kazaquistão
Tarde de futebol à quarta,
Portugal Kazaquistão.
É isto uma tarde farta,
Não vejo ninguém, não.
Está tudo preso, aparta,
De mim, a televisão,
O Pedro, a Tia Marta,
E o resto da Nação.
É um prodígio ver a malta,
A divertir-se e a torcer,
Eu cá vou na ribalta,
Sou um português sem ser,
Adepto da falsa falta,
Que ganhe Portugal a ver.
17/10/2007